Reflexões sobre o pecado e a luta do bem contra o mal, assim começou o XIII Festival de Ópera do Theatro da Paz, com a obra “Mefistofele”, inspirada em “Fausto”, do escritor alemão Wolfgang von Goethe, realizado pela Secretaria de Cultura do Estado (Secult). A obra não era encenada no país há mais de 50 anos. Abrindo a programação do Festival, “Mefistofele” chamou a atenção de Norberto Modena, crítico paulista e escritor da revista Italiana L’opera, que veio especialmente a Belém para escrever seu artigo sobre a ópera. “O Festival de Ópera do Theatro da Paz é um dos mais importantes do País. Eu acho excepcional, muito bem dirigido, tudo muito bem escolhido. Eu vou a muitos teatros no mundo todo, e nós não ficamos devendo muito a eles. Mefistofele é difícil de fazer, é complicada, bonita. Saio impressionado daqui”, ressaltou o crítico.
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| FOTO:RODOLFO OLIVEIRA/AG,PARÁ |
Com a direção de Caetano Vilela, o mesmo que dirigiu ano passado “O Navio Fantasma”, de Wagner, “Mefistofele” traz uma roupagem inspirada em cenas bastante fortes, que levam o público a sentir e refletir sobre a problemática "do certo e do errado". Nazaré Guimarães é arquiteta e foi uma das primeiras a chegar ao Theatro da Paz para a récita de abertura do festival. Para ela não há outra obra mais espetacular. “Esse festival está se mostrando um dos melhores. Essa produção está incrível, sobre a cobiça, ganância e desejos do homem. Isso tudo tem muita simbologia. Leva a gente a refletir sobre muitas coisas. E o que dizer da cenografia, fantástica, uma das mais belas”, afirmou.
Durante a apresentação desta terça à noite, o diretor geral e artístico do festival, Gilberto Chaves, lembrou que o Festival de ópera é um grande sucesso, não só no Pará, como no mundo todo. “A gente, durante 45 dias do ano somente, retoma esse tipo de cultura que é consagrada no mundo inteiro, e coloca o Pará entre as grandes capitais do mundo e faz com qualidade um espetáculo de nível internacional, com extrema emoção. Você pode notar que no final de um espetáculo como este o público está em êxtase e realmente a ópera foi feita pra isso, para emocionar”, diz.
Outra que desejou extrair emoção do palco foi a cantora Fafá de Belém, que assistiu tudo de camarote. “Essa iniciativa de fazer um Festival de ópera em Belém é muito boa para os nossos músicos, para o povo que prestigia. Eu sou fã de carteirinha da ideia do Festival. Então ele tem o meu aplauso e o meu respeito a todos esses profissionais. Eu vim aqui para me emocionar”, comentou.
“Mefistofele” é tocada pela Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP), sob a batuta do maestro titular, o paraense Miguel Campos Neto. O responsável pelo coro com 86 componentes é o maestro, também paraense, Vanildo Monteiro, que acredita no talento dos jovens cantores do estado. “Com certeza a cada ano são novas experiências. Estou aqui desde 2002, e sempre é uma felicidade para todos nós cantores paraenses. O nosso coro é composto por muitos jovens e pra gente esse é um momento em que podemos mostrar nossa arte, a arte de gente muito talentosa”, disse o maestro.
“São meses de ensaio e quando a gente se vê no dia da estreia, tem que se controlar para não se envolver demais e chorar no palco. Tem que ter cuidado com os detalhes. A ópera é corrida, eu troco de roupa quatro vezes e ainda tem que cantar. É maravilhoso. Algo arrebatador”, conta a corista Ione Carvalho, participante há mais de 10 anos do Festival de ópera do Theatro da Paz.
O XIII Festival de Ópera do Theatro da Paz traz três óperas, ballet, recitais, workshops e concerto ao ar livre, o festival comemora a décima terceira edição, reunindo um público cada vez maior e mais jovem em sua plateia, aumentando a mão de obra de local para a construção dos espetáculos e trazendo para Belém nomes importantes do canto lírico brasileiro e mundial. Para este ano, um público de 11 mil pessoas é esperado para a programação, que vai até o dia 27 de setembro.
O Festival traz, ainda, em sua programação, os concertos "Um Americano em Paris" e "Blue Monday", ambos do compositor americano George Gershwin, com a primeira récita marcada para o dia 22 deste mês. A terceira ópera será “Otello”, de Giuseppe Verdi.
Ingressos
O Festival de Ópera do Theatro da Paz é realizado pela Secretaria de Cultura do Estado (Secult). A bilheteria funciona de segunda à sexta-feira, das 9h às 18h. Aos sábados, das 9h às 16h e aos domingos, das 9h às 12h. Os preços variam de R$ 20,00 a R$ 60,00. Mais informações: 4009-8760. Site: http://festivaldeopera.pa.gov.br/
Tatiane Dias
Secretaria de Estado de Comunicação
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