A programação da 16ª edição da Feira Pan Amazônica do Livro,
que teve início na última sexta-feira (21) e segue até o dia 30 de setembro, no
Hangar Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, conta com a apresentação de
duas importantes obras que tiveram apoio da Secretaria de Estado de Turismo (Setur)
e Companhia Paraense de Turismo (Paratur): o livro “Aritapera: Terra, Água,
Mulheres & Cuias”, organizado pelos antropólogos Antonio Maria de Souza
Santos e Luciana Gonçalves de Carvalho, e “A História em Quadrinhos do Círio de
Nazaré”, de autoria do quadrinhista paraense Luiz Pinto, que contam com sessões
especiais de autógrafos.
A Feira é o maior evento literário do Norte e Nordeste do
país, idealizada e desenvolvida pelo Governo do Estado, por intermédio da
Secretaria Especial de Promoção Social, uma realização da Secretaria de Estado
de Cultura. O evento está aberto ao público diariamente, das 10h às 22h, tendo Portugal
como país homenageado e o maestro santareno Wilson Dias da Fonseca, patrono do
evento. A expectativa dos organizadores é de público recorde. São esperadas 450
mil pessoas este ano, 20 mil a mais do que na edição de 2011, que terão acesso a
mais de 90 mil títulos, de 500 editoras brasileiras, presentes em 223 estandes,
além de uma vasta programação cultural.
Incluso neste cronograma, no último sábado aconteceu uma
sessão de autógrafos de Luiz Pinto, autor da “Revista em quadrinhos do Círio de
Nazaré”. A publicação, revista, ampliada e colorida, foi impressa em 2011, com
o apoio do Governo do Estado, por meio da Paratur. Todo o trabalho de
colorização, feito pelo próprio autor, levou quase 10 meses para ser concluído.
Luiz aproveitou a nova edição para fazer ajustes em algumas páginas.
Quadrinhos - O
projeto de transpor para a linguagem dos quadrinhos a história da devoção a
Nossa Senhora de Nazaré, iniciada em Portugal e que chegou ao Pará há mais de
dois séculos, foi um verdadeiro desafio para Luiz Pinto. A primeira edição,
publicada em 1993, ano do Círio 200. O trabalho se caracteriza por ser um
“quadrinho de autor”, que retrata a devoção a Nossa Senhora e o Círio e Nazaré
sob a perspectiva histórica. “A História do Círio de Nazaré em Quadrinhos veio
se juntar às inúmeras obras e registros feitos sobre um evento que mobiliza, a
cada ano, mais de 2 milhões de pessoas. O objetivo desse trabalho é contribuir
para levar essa história tão singular, que se reescreve a cada segundo domingo
de outubro, a todos os leitores, especialmente às crianças e adolescentes, que podem
ter nos quadrinhos uma porta aberta ao conhecimento”, destaca o Luiz Pinto.
O autor faz questão de ressaltar que a revista não é
direcionada apenas à população católica ou àqueles que, mesmo professando
outras religiões, se identificam com o Círio e a devoção a Maria. “Sem dúvida,
é uma revista feita para levar essa história a todas as camadas da população”,
enfatiza.
Trajetória -
Nascido em Santarém, no oeste do Pará, terra do maestro Wilson Dias da Fonseca,
o “Isoca”, patrono da XVI Feira Pan-Amazônica do Livro, Luiz Antonio de Faria
Pinto, 58 anos, que assina suas criações como “Luizpê”, tem uma longa
trajetória no jornalismo gráfico, como diagramador, ilustrador, chargista,
caricaturista e cartunista. Integrante de uma família de jornalistas e
escritores, Luiz transita com desenvoltura também pela música. Trabalhou em
jornais em São Paulo (SP), Salvador (BA) e em Belém (PA). Há vários anos vem se
dedicando ao trabalho em quadrinhos e ao Jornal Pessoal. O projeto em curso é a
História em Quadrinhos da Cabanagem, a revolução popular que tomou conta do
Pará a partir de 1835.
Outro evento que faz parte da programação é a apresentação
da obra “Aritapera: Terra-Água-Mulheres & Cuias”, organizada por Antônio
Maria de Souza Santos, pesquisador do Museu Paraense Emílio (MPEG) e Luciana
Gonçalves de Carvalho, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA-Tapajós).
O livro é resultado do mapeamento cultural do polo Tapajós que está sendo feito
pela Paratur por meio do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo
(Prodetur) e mostra as tradições culturais de mulheres artesãs que trabalham
com pintura e confecção de cuias, na comunidade tapajônica de Aritapera.
O livro é o primeiro volume da Coleção Mapeamento Cultural
Polo Tapajós, que tem o objetivo de publicar trabalhos sobre manifestações
artístico-culturais presentes nos municípios de Santarém, Belterra e Oriximiná,
dentro dos objetivos do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo no
Estado do Pará (PRODETUR). O enfoque principal retratado no livro é o distrito
de Aritapera, situada na área de várzea do rio Amazonas, há cerca de 4 horas de
barco de Santarém, que envolve o trabalho de cerca de 200 famílias, inseridas
na Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém (ASSARISAN ), que foi criada
em 2003, com o objetivo de aprimorar a produção e a comercialização das cuias,
além de valorizar os saberes e fazeres artesanais da região.
A importância da atividade começou a ser pesquisada desde
1977, por Antonio Santos, atualmente representante do Museu Paraense Emílio
Goeldi (MPEG) e da Universidade do Estado do Pará (UEPA) no PRODETUR, relata
que de acordo com a própria comunidade, nos últimos 10 anos a atividade vem
ganhado maior destaque, resultando na crescente valorização e divulgação,
passando a ganhar novas opções de mercado. Luciana Carvalho, professora da
Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e representante da instituição no
PRODETUR, nos últimos 10 anos tem sido colaboradora e articuladora dos
trabalhos de valorização do artesanato das cuias do Aritapera. Ela coordena o
Programa de Extensão Patrimônio Cultural na Amazônia (PEPCA) na UFOPA.
A obra foi lançada durante a 6ª edição da Feira
Internacional de Turismo da Amazônia, que aconteceu no mês de junho deste ano. Entre
os textos selecionados estão trabalhos do próprio pesquisador e de recentes
pesquisas desenvolvidas por alunos e colaboradores da UFOPA. A apresentação do
livro ficou por conta do Secretário de Estado de Turismo, Adenauer Góes.
Associação - A
região Município de Santarém ficou conhecida pela produção de cuias tingidas e
ornamentadas. Constituída de um conjunto de comunidades numa área de várzea, a
região do Aritapera tem participado, nos últimos dez anos, de diferentes
projetos voltados para a valorização desse artesanato e das pessoas que o
produzem - no caso, dezenas de mulheres que se dedicam a esse ofício passado de
mãe para filha. No Centro do Aritapera, um grupo de mulheres articuladas na
Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém, construiu, com apoio do
Ministério da Cultura e de instituições parceiras, uma bela sede que funciona
como um Ponto de Cultura dotado de espaços de produção, convivência, biblioteca
comunitária, recepção de visitantes, exposição e venda de cuias. A dinamização
do uso desse espaço, a partir de sua divulgação em outras comunidades
ribeirinhas, na cidade de Santarém e junto a diferentes públicos externos, é
uma expectativa das comunidades que nele investiram e investem cotidianamente.
O livro contempla uma das metas do Governo do estado de
poder transformar as riquezas culturais e naturais características da nossa
região em oportunidades de retorno econômico à quem está inserido nas diversas
realidades contidas neste grandioso estado. Com esta visão foi lançado em
novembro de 2011 o “Ver-o-Pará”, Plano Estratégico de Turismo do Pará, que
direciona os investimentos no turismo paraense almejando, até 2020, colocar o
Estado como destino líder em turismo na Amazônia.
Apresentação – A obra “Aritapera: Terra-Água-Mulheres & Cuias” será apresentada pelo organizador nesta segunda-feira (24), a partir das 19h,
no estande da Coordenação de Estudos Luso-Amazônicos (CELA), da Universidade
Federal do Pará (UFPA).
Texto: Fabrício Coleny - Gerência de Comunicação (GEC) da Paratur
Texto: Fabrício Coleny - Gerência de Comunicação (GEC) da Paratur
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