segunda-feira, 16 de julho de 2012

Setur e Paratur apresentam estudo para criação de projeto de abastecimento de água da ilha do Combu

Contraste - Próximo de Belém, mas também distante
Visando a validação do estudo de concepção do sistema de abastecimento de água da ilha do Combu, localizada há cerca de 10 minutos de travessia pelo rio Guamá, que integra uma Área de Proteção Ambiental (APA), na região insular de Belém, foi realizada uma visita técnica no último dia 12 de junho, para apresentar aos moradores alternativas para a implantação de um projeto que visa sanar os antigos problemas enfrentados na ilha por falta de abastecimento de água potável.
A equipe executora do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), executado no Pará pela Companhia Paraense de Turismo (Paratur), com apoio da Secretaria de Estado de Turismo do Pará (Setur) esteve na ilha, juntamente com uma representante da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e o engenheiro da empresa Eca, contratada para a realização do estudo. A reunião contou com representantes das 5 comunidades que fazem parte da ilha: Paciência, Combu, Piriquitaquara, Benedito e Beira Rio, que acompanharam atentamente a explicação do projeto.
Chegada - Secretário de Turismo, Adenauer Góes é recebido
Adenauer Góes, secretário de estado de turismo do Pará, explicou aos participantes a relação do projeto com a Setur e Paratur, afirmando que “a implantação de sistemas como este contempla as metas de infra-estrutura, serviços básicos e gestão ambiental que estão entre os objetivos propostos Prodetur, que se destinam ao desenvolvimento do turismo como atividade que contribui para a melhoria da qualidade de vida da população local”, informou.
“A implantação de ações que viabilizem, por exemplo, o acesso à água e saneamento contribuem com a implementação de sistemas de gestão ambiental e com a melhoria das condições de saúde da população”, complementou Márcia Bastos, coordenadora do Prodetur Pará. A visita também contou com a presença de técnicos da Paratur, além da gerente em exercício da Área de Proteção Ambiental (APA) do Cumbu, Brenda Sirilo.
De forma bastante didática foram apresentadas aos moradores duas alternativas de abastecimento para que conhecessem suas particularidades e votassem para a escolha da mais viável. Celso Albuquerque, engenheiro da empresa Eca Engenharia, responsável pelo estudo de concepção, realizou diversas visitas à ilha em alguns meses para poder compor as alternativas propostas.
Presença - Moradores estiveram na reunião
Entre as alternativas a captação de água para ser tratada poderia vir do rio, da chuva ou subterrânea, com a criação de um sistema de abastecimento único com microssistemas em locais isolados ou somente microssistemas. Após apresentadas as vantagens e desvantagens de cada método, os moradores escolheram o que se apresentou mais adequado que deve compor um futuro projeto que deverá ser apresentado ao Ministério do Turismo (MTUR), que o encaminhará ao Banco Interamericano de desenvolvimento (BID), se aprovado.
De acordo com o engenheiro, que garantiu obter água com teor potável que se enquadra às exigências da Organização Mundial de Saúde (OMS), “a proposta votada e escolhida pelos moradores é a que melhor se adéqua, sendo tecnicamente viável, economicamente sustentável, socialmente justa e atendendo aos padrões de saúde”, informou Celso Albuquerque.
Os próximos passos agora são a contratação, através de licitação, de uma empresa que possa compor o projeto para que seja enviado ao MTUR. Enquanto isso os moradores aguardam anciosos.
Votação - Famílias escolhem alternativa de projeto
Funcionamento – O sistema escolhido pelos moradores para compor o futuro projeto deve captar água de um poço artesiano revestido, com mais de 60m de profundidade, para depois ser devidamente tratada e distribuída por meio de bombas setorizadas para assim chegar nas mais de 330 casas na ilha, atendendo as mais de 800 famílias, mesmo as mais isoladas, que devem contar com microssistemas individualizados. A estimativa é que o projeto custe em torno de 2 milhões de reais. O custo para a distribuição deve ficar em torno de R$ 15,00 mensal para cada morador, com um consumo de até 10 mil litros de água.
Drama antigo – As famílias que moram na ilha relatam que o problema de abastecimento é antigo e que hoje eles se resolvem como podem. O abastecimento de água é uma questão de saúde pública, já que a questão implica diretamente na qualidade de vida da população. Atualmente, para conseguir água potável, os mais de mil moradores, mesmo cercados de água, recorrem a alternativas como comprar o líquido, esperar a chuva, ou, quando não há outro jeito, consumir a água do rio. Vale lembrar que a ilha fica bem em frente ao ponto onde o rio Tucunduba deságua no rio Guamá, que infelizmente é considerado como transportador de esgoto e dejetos de vários bairros de Belém.
Pedro Ferreira elogiou a iniciativa
Pedro Pantoja Ferreira, que é diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Belém, foi um dos moradores do Combu que se manifestou durante a reunião para parabenizar a proposta. “Belém já está quase chegando aos 400 anos e nós continuamos vivendo sem água nas ilhas. Aqui vivem cidadãos que precisam e têm direito. Parabenizo e torço para que este projeto dê certo”, disse.
A turismóloga e especialista em ecoturismo, Prazeres Quaresma dos Santos, empresária proprietária do restaurante Saudosa Maloca que funciona há vários anos na ilha, vê a possibilidade da implantação do projeto como um salto na qualidade de vida da população e a consequente incrementação da atividade turística. “Hoje nós fazemos um verdadeiro malabarismo para conseguir água e poder atender bem aos visitantes, que nem percebem esse problema de abastecimento. Para consumo e preparo dos alimentos nós compramos água de um distribuidor do município de Acará, que traz o líquido de barco. Para as demais atividades tratamos a água do rio com hipoclorito, como recomendam os organismos de saúde”, conclui.
Proposta - Engenheiro explica alternativas
A questão da água – A região amazônica notavelmente apresenta abundância de água, seja pelos rios, seja pelos altos índices pluviométricos ou mesmo pelos aquíferos subterrâneos. No entanto a presença de cerca de 20% de toda a água doce do planeta para muitos não significa que possa ser livremente utilizada, mesmo para os moradores de ilhas da região conhecida como Belém insular, próximas à capital paraense. São mais de 40 ilhas habitadas por centenas de famílias que, infelizmente não contam com abastecimento de água potável para as necessidades do dia-a-dia como tomar banho, cozinhar ou mesmo beber.

Texto e fotos: Fabrício Coleny - Paratur GECV


Reunião - Moradores escutam secretário

Abastecimento - Famílias encontram alternativas

Proposta - Secretário de Turismo e coordenadora do Prodetur conversam com moradores

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