sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Turismo de Base Comunitária é alternativa de negócios no setor

Os riscos e a oportunidades do Turismo de Base Comunitária como alternativa de negócio no setor turístico foram alvo de debates, na manhã desta sexta-feira (13), durante a programação da 5ª edição da Feira Internacional de Turismo da Amazônia (FITA), que ocorre no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.

De acordo com o coordenador de Infraestrutura, Transportes, Comunicação e Turismo da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Donald Sinclair, o turismo de base comunitária utiliza os recursos de uma comunidade para atrair os visitantes e alcançar benefícios econômicos e culturais para os seus membros.

“No turismo de base comunitária, a comunidade tem a autoridade sobre a experiência vivenciada pelos turistas. E isso é muito importante e relevante para a atividade. A participação da comunidade é integral nesse processo”, explicou. “É importante ter em mente o padrão de qualidade. Os visitantes querem ter uma experiência natural, espontânea, nativa”, alertou.

Para ele, os principais riscos da atividade são: o cultural, na criação de uma apresentação artificial para entreter o visitante, que não refletem a realidade daquela comunidade; o aumento de atividades socialmente indesejáveis como prostituição, mendicância e pequenos crimes; e tensões sociais causadas pelo estilo de vida dos visitantes em comparação com os modos simples da comunidade.

Em contrapartida, Sinclair pontuou as várias oportunidades deste segmento turístico, tais como o reconhecimento e preservação cultural, as receitas provenientes de alojamentos para visitantes, as receitas oriundas dos serviços de turismo como guias e refeições, a receita da venda de artefatos culturais e ainda os ganhos com a cobrança de taxas para participação em eventos culturais. Além disso, segundo o coordenador da OTCA, o turismo de base comunitária proporciona oportunidades de emprego para os moradores da comunidade, especialmente as mulheres, fortalece as formas culturais, práticas culinárias, tradições e rituais, bem como possibilita financiamentos para proteção de áreas naturais.

Para o professor mestre em Geografia da Universidade Estadual do Pará (UEPa), Hugo Serra, a globalização é um antecedente muito importante para a compreensão do turismo de base comunitária, visto que permitiu a redução das distâncias graças aos avanços tecnológicos em transporte e comunicação. “O turismo é fruto da modernidade, então não se pode ser analisado fora desse contexto”, explicou. “A autonomia das comunidades, portanto, é uma importante ferramenta de democracia para que se possa alcançar o desenvolvimento”, afirmou ao explicar as relações sociais existentes na prática do turismo de base comunitária.

A turismóloga Ana Gabriela Fontoura, da Estação Gabiraba – operadora de turismo com foco no ecoturismo de base comunitária, falou da importância do trabalho conjunto, visando os investimentos e benefícios da comunidade envolvida, assim como o trabalho em parceria com ONGs e associações. “A questão financeira está presente no turismo de base comunitária. O importante é que essa distribuição financeira tem que ser justa, feita de forma igualitária, para que todos estejam confortáveis com a prática da atividade”, declarou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário