A erva anestesiante Jambu é vista em pratos como o tacacá e até em drinques |
Em São Paulo, a empresária paraense Marina Cabral aproveitou a boa fase para matar saudades e para abastecer cozinheiros: criou a Combu Gourmet. A distribuidora traz sorvetes artesanais (de frutas marcantes como bacuri e cupuaçu); jambu (erva que faz a boca formigar) puro e em cachaças; diferentes tipos de farinha e goma de mandioca (elas são mais frescas e granulosas do que as nordestinas) e um tipo exclusivo de tucupi, o preto: "É a pasta do cozimento lento do tucupi, usado como condimento para finalizar arrozes ou marinar carnes", como se fosse o missô, a pasta fermentada de soja popular na culinária japonesa.
Os sabores, cores e perfumes de boa parte dos ingredientes amazônicos são exuberantes como a selva. Os peixes costumam ser imensos, graças à abundância de alimentos; as pimentas e outros temperos mais aromáticos; as frutas mais doces pela atmosfera quente e úmida. No entanto, tirá-los da floresta não é óbvio e talvez essa seja parte da sedução aos grandes cozinheiros.
"É muito inspirador. Já fiz arroz de pato com tucupi e chicória do norte, já salteei a pescada-cambucu com creme de castanha-do-Pará e tucumã (fruto de uma palmeira da Amazônia) e fiz brigadeiro com cacau da Ilha do Combu", revela o chef e pesquisador Ivan Achcar, do restaurante paulistano Alma.
Recentemente em São Paulo a convite de Alex Atala, Felipe Schaedler, do restaurante Banzeiro de Manaus, serviu receitas criativas de chibé ("papa" de farinha de mandioca) com abacaxi amazônico (dulcíssimo), saúva amazônica e pimenta Baniwa, um mix de pimentas cultivadas em sistema agrícola indígena nas margens dos rios.
Mais do que isso, apresentou ao colega e aos outros cozinheiros do D.O.M. e do Dalva e Dito ingredientes jamais vistos, caso de cogumelos que nem nome têm, do puxuri (semente com aroma de louro, canela e anis) e do surpreendente ariá (uma batatinha adocicada com textura de pera). "Apesar de viver colado na floresta, as possibilidades de ingredientes e usos são infinitas, por isso os chefs se voltam cada vez mais para a Amazônia", dia Schaedler. Difícil discordar.
Açaí
O mais conhecido é o frutinho roxo de sabor terroso, mas ele também existe numa versão mais rara, de cor branca. O sabor é praticamente o mesmo e também funciona em sorvetes, em tigelas com frutas e granola ou, como se come no Pará e estados vizinhos, com peixe frito e sem nenhum tipo de xarope para adoçá-lo.
Pirarucu
É o bacalhau da Amazônia, já que muitas vezes é conservado em sal como o parente lusitano. Mas é um tanto maior ? chega a 3 metros de comprimento! Sua carne é firme e apreciada em moquecas, bolinhos e até na grelha.
Cumaru
Esqueça a baunilha! Essa semente aromática também conhecida como fava-tonka é ainda mais concentrada e amadeirada, mas igualmente parceira perfeita para a confeitaria. Combinação ideal: em pudim de leite.
Tucupi
É o líquido amarelo e fermentado da mandioca brava, diretamente associado ao pato preparado em seu caldo. No entanto, no cotidiano, quem não tem pato vai com frango mesmo, em sopinhas e até em caldeiradas de peixe e moquecas típicas no Norte do País.
Jambu
Tradicionalmente, a erva anestesiante é vista em pratos como o tacacá (caldo com goma de tapioca camarões salgados) e o pato no tucupi (que já virou recheio de coxinhas e pasteizinhos). Hoje, é queridinho na coquetelaria (daí as cachaças aromatizadas com ele) e dá graça a brigadeiros de chefs.
Farinha de Uarini
É farinha de mandioca mais grossa, que sobra na peneira, e mais usada para acompanhar o arroz com feijão do dia-a-dia. Também é vista em farofas (a com a banana-pacová, que lembra a da terra, é uma das mais populares), em cuscuz e empanando peixes. Um aviso: ela é dura, bem dura. Deve-se tomar cuidado com os dentes!
Fonte: Portal UOL
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