“Aritapera: Terra, Água, Mulheres & Cuias” é o nome da obra organizada pelos antropólogos Antonio Maria de Souza Santos, e Luciana Gonçalves de Carvalho. É o primeiro volume da Coleção Mapeamento Cultural - Polo Tapajós, que tem o objetivo de publicar trabalhos sobre manifestações artístico-culturais presentes nos municípios de Santarém, Belterra e Oriximiná, dentro dos objetivos do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo no Estado do Pará (PRODETUR). O livro será lançado durante a programação cultural da 6ª Feira Internacional de Turismo da Amazônia (Fita), no dia 23, sábado, às 18h.
A FITA é uma realização do Governo do Estado por meio da Paratur e Secretaria de Estado de Turismo (Setur), que terá sua programação aberta oficialmente nesta sexta (22) e segue até o dia 23, no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém.
O livro aborda a importância da utilização das cuias no universo amazônico e como elas estão inseridas no cotidiano das comunidades ribeirinhas. Feitas do fruto da cueira (Crecentia cujete), a sua utilização possui origem indígena, conforme aparecem em registros de missionários que percorreram o baixo-Amazonas desde o século XVII. O enfoque principal retratado no livro é o distrito de Aritapera, situada na área de várzea do rio Amazonas, há cerca de 4 horas de barco de Santarém, que envolve o trabalho de cerca de 200 famílias, inseridas na Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém (ASSARISAN ), que foi criada em 2003, com o objetivo de aprimorar a produção e a comercialização das cuias, além de valorizar os saberes e fazeres artesanais da região.
A importância da atividade começou a ser pesquisada desde 1977, por Antonio Santos, atualmente representante do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e da Universidade do Estado do Pará (UEPA) no PRODETUR, relata que de acordo com a própria comunidade, nos últimos 10 anos a atividade vem ganhado maior destaque, resultando na crescente valorização e divulgação, passando a ganhar novas opções de mercado. Esse fato foi constatada a partir de março deste ano, com a aplicação do PRODETUR, quando foi feita uma visita técnica envolvendo profissionais da Paratur e do MPEG ao Pólo Tapajós.
Luciana Carvalho, professora da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e representante da instituição no PRODETUR, nos últimos 10 anos tem sido colaboradora e articuladora dos trabalhos de valorização do artesanato das cuias do Aritapera. Ela coordena o Programa de Extensão Patrimônio Cultural na Amazônia (PEPCA) na UFOPA. “A pesquisa é importante não só pela produção e difusão de conhecimentos, mas também pelo potencial de criação de novas alternativas socioeconômicas para as comunidades”, afirma.
Os textos tratam do artesanato de cuias em diferentes aspectos (modos de fazer, iconografia, importância econômica, cartografia), de histórias de vida de artesãs, da criação da marca coletiva adotada por um grupo de produtoras e de algumas experiências de intervenção e organização da produção e da comercialização das cuias do Aritapera. Esntre os textos selecionados estão trabalhos do próprio pesquisador e de recentes pesquisas desenvolvidas por alunos e colaboradores da UFOPA.
Entre a coletânea de trabalhos inseridos na publicação está:
- Aritapera: uma comunidade de pequenos produtores na várzea amazônica – Santarém-PA (Antônio Maria de Souza Santos – Pesquisador do MPEG/Professor da UEPA)
- Histórias de vida e encantos no Aritapera (Ádria Fabíola Pinheiro de Sousa)
- A marca coletiva Aíra e mercados para as cuias do Aritapera (Jeferson Oriente Brelaz Sampaio Júnior)
- Projetos e transformações no artesanato tradicional das cuias de Santarém (Zenilda Maria Bentes)
- Iconografia atualizada das cuias do Aritapera (Ádrea Gizelle Morais Costa)
- Cartografia social das produtoras de cuias do Aritapera (Igor Montiel Cunha)
- A Cuia nossa de cada dia (Rubia Goreth Almeida Maduro)
A apresentação do livro ficou por conta do Secretário de Estado de Turismo, Dr. Adenauer Marinho Góes e a previsão para o lançamento é entre 10 e 15 de junho, quando acontece em Santarém o workshop do PRODETUR, reunindo empresas e pessoas ligadas ao turismo na região.
Associação - A região Município de Santarém ficou conhecida pela produção de cuias tingidas e ornamentadas. Constituída de um conjunto de comunidades numa área de várzea, a região do Aritapera tem participado, nos últimos dez anos, de diferentes projetos voltados para a valorização desse artesanato e das pessoas que o produzem - no caso, dezenas de mulheres que se dedicam a esse ofício passado de mãe para filha. No Centro do Aritapera, um grupo de mulheres articuladas na Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém, construiu, com apoio do Ministério da Cultura e de instituições parceiras, uma bela sede que funciona como um Ponto de Cultura dotado de espaços de produção, convivência, biblioteca comunitária, recepção de visitantes, exposição e venda de cuias. A dinamização do uso desse espaço, a partir de sua divulgação em outras comunidades ribeirinhas, na cidade de Santarém e junto a diferentes públicos externos, é uma expectativa das comunidades que nele investiram e investem cotidianamente. Nesse sentido, o trabalho proposto pela Paratur e pelo Museu Goeldi, de inclusão do Aritapera em seu roteiro de pesquisa e divulgação turística, atende a anseios das comunidades no que diz respeito à valorização de seus modos de fazer tradicionais.
Serviço:
Lançamento do livro “Aritapera: Terra, Água, Mulheres & Cuias”
Antonio Maria de Souza Santos, e Luciana Gonçalves de Carvalho (organização)
Primeiro volume da Coleção Mapeamento Cultural - Polo Tapajós
Dia 23 de junho, sábado, às 18h.
Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia
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